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A Companheira

Eu ia saindo, ela estava ali no portão da frente ... ia até o bar, ela quis ir junto "tudo bem", eu disse ... ela ficou super contente ... falava bastante, o que não faltava era assunto ... sempre ao meu lado, não se afastava um segundo ... uma companheira que ia a fundo ... onde eu ia, ela ia ... onde olhava, ela estava ... quando eu ria, ela ria ... não falhava, no dia seguinte ela estava ali no portão da frente, ia trabalhar, ela quis ir junto ... avisei que lá o pessoal era muito exigente ... ela nem se abalou "o que eu não souber eu pergunto" ... e lançou na hora mais um argumento profundo que iria comigo até o fim do mundo ... me esperava no portão me encontrava, dava a mão me chateava, sim ou não? não ... de repente a vida ganhou sentido companheira assim nunca tinha tido o que fica sempre é uma coisa estranha ... é companheira que não acompanha ...
isso pra mim é felicidade achar alguém assim na cidade como uma letra pra melodia ... fica do lado, faz companhia ... pensava nisso quando ela ali no portão da frente me viu pensando, quis pensar junto "pensar é um ato tão particular do indivíduo" e ela, na hora "particular, é? duvido" e como de fato eu não tinha lá muita certeza entrei na dela, senti firmeza ... eu pensava até um ponto ela entrava sem confronto eu fazia o contraponto e pronto ... pensar assim virou uma arte uma canção feita em parceria primeira parte, segunda parte ... volta o refrão e acabou a teoria ...
pensamos muito por toda a tarde eu começava, ela prosseguia ... chegamos mesmo, modesta à parte a uma pequena filosofia ... foi nessa noite que bem ali no portão da frente eu fiquei triste, ela ficou junto e a melancolia foi tomando conta da gente desintegrados, éramos nada em conjunto quem nos olhava só via dois vagabundos andando assim meio moribundos ... eu tombava numa esquina ela caía por cima um coitado e uma dama dois na lama ... mas durou pouco, foi só uma noite e felizmente eu sarei logo, ela sarou junto e a euforia bateu em cheio na gente sentíamos ter toda felicidade do mundo olhava a cidade e achava a coisa mais linda e ela achava mais linda ainda ... eu fazia uma poesia ela lia, declamava qualquer coisa que eu escrevia ela amava ... isso também durou só um dia chegou a noite acabou a alegria voltou a fria realidade aquela coisa bem na metade ... mas nunca a metade foi tão inteira uma medida que se supera ... metade ela era companheira outra metade, era eu que era ... nunca a metade foi tão inteira uma medida que se supera metade ela era companheira outra metade, era eu que era!

Música de Luiz Tatit, cantada por Zélia Duncan

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